Muitas perguntas que me fazem nos comentários têm a ver com uma das coisas mais difíceis que os estudantes, e as pessoas em geral, precisam aprender, que é administrar seu tempo para dar conta de todas as tarefas que se propõem a fazer, ou que lhes são impostas pelos outros.
Nesta página, vou dar umas orientações mais genéricas. Elas serão apresentadas conforme determinados perfis de estudantes. Se inspire naquele que melhor se parecer com o seu caso.
Você tem filho pequeno pra cuidar.
Sua mãe te avisou, seu pai te alertou, seus tios e tias aconselharam, os professores ensinaram, o padre e o pastor pregaram, todo mundo falou pra você tomar cuidado em suas relações sexuais, usar preservativo, tomar a pílula, esperar até ficar adulto(a), se manter virgem até o casamento, mas não adiantou. Você, cabeça-oca, impulsivo(a), irresponsável, inconsequente, engravidou sua namorada (ou do seu namorado) — que a essa altura, aliás, já pode ser seu/sua ex. Isso, se não foi um(a) peguete qualquer…
Idiota!
Agora, você tem um(a) filho(a) pra criar, mas sem a menor condição pra isso.
Para sorte da criança, os seus pais, ou os pais do(a) outro(a) irresponsável, vão ampará-la. Não existe avô ou avó que suporte a ideia de um(a) netinho(a) passar aperto.
Mas haverá consequências para você. Graves consequências. Se você for a mãe, vai ter que cuidar do bebê o tempo todo. Se for o pai, vai ter que trabalhar pra pagar a pensão — ou vai pra cadeia. Se resolverem ficar juntos, vão ter que se revezar trabalhando e cuidando da criança.
Isso quer dizer que vocês vão ter que arrumar alguém pra tomar conta da criança, só pra poderem continuar frequentando a escola e terminar seu curso. Estudar pra um Enem ou Vestibular estará fora de questão!
Vocês terão que esperar até seu filho ou filha ficar maiorzinho(a), pra poder colocá-lo(a) numa creche ou jardim ou escola de tempo integral, e então poder pensar em retomar os estudos. Se não conseguirem encontrar uma instituição de tempo integral, vão ter que esperar até o(a) menino(a) tiver uns 12 anos, quando ele(a) não precisará mais ser vigiado o tempo todo. Só então vocês poderão tirar um tempo do seu dia para estudar.
Aí você cairá numa das situações descritas a seguir. Mas só se você não arrumar um(a) segundo(a) filho(a)…
Você trabalha e estuda o dia inteiro.
Você é de família pobre, seus pais não podem manter você só estudando. Ou já é maior de idade, precisa ganhar o próprio dinheiro. Qualquer que seja a razão, você fica o dia inteiro fora de casa, trabalhando oito horas por dia, estudando quatro horas por noite, e comendo ou se deslocando por mais duas ou três horas. Em casa, só dá pra você tomar banho e dormir.
Nos fins de semana é quando você faz os deveres de casa, os trabalhos valendo ponto e estuda para as provas. É também quando faz faxina, vai às compras, encontra os(as) amigos(as) ou a(o) namorada(o).
Obviamente, não dá pra encaixar nenhum programa de estudo fora da escola nessa sua rotina. Você pode, quando muito, se organizar para estudar em casa até uns quatro meses por ano. Falo das suas férias, claro. Você tem três meses de férias escolares (Janeiro, Fevereiro e Julho), quando só tem que trabalhar, e um mês de férias do trabalho, quando só tem que frequentar as aulas.
Talvez você costume marcar as férias do trabalho para coincidirem com um dos períodos de férias escolares, pra você realmente poder viajar, pular carnaval, ou simplesmente ficar à toa — o que, pra quem tem uma rotina intensa como a sua durante a maior parte do ano, é uma maravilha! Mas isso não é o ideal pra quem quer ter compromisso com os estudos.
O melhor é você marcar suas férias do trabalho de modo que não coincidam com as da escola. Assim, você teria quatro meses de “meias-férias”, três da escola e um do trabalho, em que você teria algum tempo na sua rotina diária para estudar em casa. Nessas ocasiões, você se enquadraria nos perfis de quem só trabalha ou só estuda, descritos mais adiante.
Como o maior período de férias escolares é de meados de Dezembro a meados de Fevereiro, você poderia marcar suas férias do trabalho para Junho ou Agosto, emendando com o período menor de férias escolares, em Julho. (Tá certo, pra você ter um gostinho de férias de verdade, se permita uma sobreposição de uma semana das férias do trabalho com as da escola, mas não mais do que isso.)
Mas é claro que esses períodos de meias-férias não serão o bastante para você passar no Enem ou no Vestibular. Servirão só pra você revisar e aprofundar alguma coisa que tiver estudado durante o resto do ano. Talvez para reforçar uma disciplina que você tenha mais dificuldade, ou que seja mais importante para o curso de graduação que você almeja — Matemática para Computação, ou Biologia para Medicina, por exemplo.
Ah, sim, greves de professores contam como férias extras, e devem ser aproveitadas para o estudo da mesma maneira.
Mas você só poderá estabelecer uma rotina de estudo sistemático e permanente depois que você concluir o curso que estiver fazendo. Siga, então, as recomendações para quem só trabalha, mais adiante.
Você trabalha e estuda boa parte do dia.
Mas não o dia inteiro. Você tem um trabalho de meio período (quatro a seis horas diárias) e estuda num único turno (de manhã, ou de tarde, ou de noite). Tirando ainda os tempos de translado entre a residência, o local de trabalho e o colégio, sobra algumas horas no seu dia. Você as aproveita para fazer os trabalhos escolares, estudar pras provas e se distrair um pouco. Não sobra muito tempo pra você estabelecer um programa de estudos paralelo ao seu colégio.
Sua rotina é só um pouco mais folgada que a de quem estuda e trabalha o dia inteiro. As mesmas recomendações quanto às férias que fiz para aquele caso valem também pra você. A diferença é que você tem um tempo livre que você talvez não se dê conta, de tão fragmentado que é. Mas talvez haja maneiras de aproveitar esse tempo.
A primeira coisa a fazer é tentar unir esses “fragmentos temporais”. Eles estão espalhados pelo seu dia em momentos como antes de sair de casa de manhã, ao voltar pra casa de noite, na hora do almoço, nos trajetos entre residência, trabalho e escola. Por exemplo, talvez você pegue uma condução pro trabalho vinte minutos depois do almoço, e chegue no local de trabalho dez minutos antes do início do expediente. Se você puder pegar a condução assim que terminar de almoçar, chegará no trabalho meia hora antes do expediente, e poderá ir pra um canto fazer uma revisão de algum assunto, ou resolver um punhado de exercícios. É pouco, mas é melhor que nada…
Ou talvez haja duas conduções possíveis pra voltar pra casa no fim do dia, uma mais barata, em que você vai sacolejando em pé, outra mais cara, onde você pode viajar sentado. Prefira esta última, e aproveite o tempo dentro da condução para ler. Sim, isso vai te deixar com menos dinheiro pra gastar na balada. Talvez nem dê pra sair no fim de semana. Tanto melhor! Será mais tempo que você vai ter pra estudar, tanto no meio da semana, dentro da condução mais confortável, quanto no final do semana, sossegando o facho dentro de casa.
Mas é provável que o lugar em que você tenha mais tempo fragmentado que possa ser aproveitado seja mesmo em casa. Você passa esse tempo vendo um programa bobo de tevê, jogando uma partidinha de videogame, ou checando suas redes sociais. Troque essas amenidades pelos seus livros, que será mais proveitoso.
Aceite a realidade: se divertir “como todo mundo” não é pra você. A menos que você queira ter a mesma vida “de todo mundo”: medíocre, difícil, sem perspectiva, sem progresso. A vida inteira andando em condução lotada, assistindo programas bobos de televisão, publicando selfies ridículas em redes sociais, gastando o pouco dinheiro e o pouco tempo livre que tiver com diversões que mal compensarão o seu desgaste físico e mental.
De qualquer modo, você só vai poder desenvolver uma rotina sistemática de estudos depois que terminar seu curso. Veja logo abaixo na sessão sobre quem só trabalha.
Você só trabalha, em tempo integral.
Você já terminou o Ensino Médio e começou a trabalhar, oito horas por dia, mas sonha com uma faculdade. Dá pra realizar, mas será necessária uma rigorosa disciplina. (Se você parou de estudar para trabalhar, sem terminar o Ensino Médio, veja mais abaixo.)
Primeiro de tudo, quando não estiver no trabalho, você deve se livrar de todas as atividades que não sejam produtivas em termos de estudo. Se é você que faz faxina na sua casa, por exemplo, contrate uma faxineira pra isso. Não precisa ser todo dia, basta uma ou duas vezes na semana, o suficiente pra manter sua residência habitável.
Semelhantemente, se você mesmo prepara sua comida, passe a comer numa pensão, padaria, lanchonete ou restaurante. Sim, vai sair mais caro; mas, na verdade, você não estará pagando por serviço de faxina ou por comida, você estará comprando tempo para os seus estudos. E este é o melhor gasto que você poderá fazer com o seu salário!
Também, seguindo o mesmo raciocínio, use os meios de transporte mais rápidos entre sua residência e o trabalho, mesmo que sejam um pouco mais caros. Saia mais cedo de casa ou volte mais tarde, para evitar horários de pico no trânsito. O tempo que ganhar, aproveite para estudar, em algum canto tranquilo no seu local do trabalho, antes do início ou depois do término do seu expediente.
Abstenha-se ao máximo das baladas e outras formas de diversão, salvo em ocasiões muito especiais, como aniversários, casamentos, despedidas de solteiro, confraternizações de fim de ano, etc. (Eu mesmo, a primeira vez que saí pra balada foi na noite da minha formatura.) Quanto mais você sair, menos tempo você terá pra estudar.
Em casa, não assista televisão. De preferência, nem tenha televisão. Essa coisa foi inventada numa época em que as pessoas não tinham muito o que fazer, e precisavam de alguma inatividade pra “passar o tempo”. Era uma época em que não havia tantos livros pra ler, tantas músicas pra ouvir, tantos filmes e séries pra assistir, tantos games pra jogar, tantas pessoas pra conversar. Melhor dizendo, até tinha essas coisas todas em abundância, o que faltava era meios pra acessar tudo isso ― porque não havia celular nem internet!
No caso da Internet e das redes sociais, não participe de grupos ou fóruns que não sejam especificamente sobre estudos. E dos que participar, desabilite o alerta de mensagens, pra não ser interrompido quando estiver estudando. Cheque depois, num momento de pausa no decorrer do dia, todas as mensagens que tiver recebido, de uma só vez, e responda apenas as que forem mais sérias e importantes. (Serão muito poucas, você vai ver.) Se alguém tiver algo realmente importante e urgente pra falar com você, ao perceber que você está demorando pra ler suas mensagens, vai te ligar.
No Facebook, no Instagram e no Twitter, pare de seguir todos os seus contatos. Porque a maior parte das coisas que eles postam serão bobagens mesmo. De vez em quando, tipo, uma vez por semana, visite os perfis dos mais chegados e veja, curta e comente o que de relevante tiverem postado — será muito pouco, garanto.
E também, claro, não poste coisas irrelevantes no seu próprio perfil. Ninguém tem necessidade, nem mesmo curiosidade, de saber o que você está fazendo ou pensando ou sentindo em qualquer momento do seu dia. Se tiver alguma coisa verdadeiramente importante pra falar com algum dos seus contatos, mande uma mensagem privada, um e-mail, e instrua eles a fazer o mesmo com você.
No YouTube, esqueça os clipes de música, os vídeos de piadas, de bichos, de curiosidades, os canais de youtubers com milhares de seguidores. Eles estão ganhando dinheiro com isso, você não; só está perdendo tempo, que, pra você, deve valer mais do que dinheiro. Só os vídeos educativos devem te interessar, e assim mesmo somente os que trouxerem algum conteúdo que você não possa obter nos livros.
Resumindo: como o seu tempo livre é curto, não o desperdice com nada que não seja importante ou relevante. E qualquer coisa que não alavancar seus estudos é completamente irrelevante. Por mais interessante que pareça ser.
Você só estuda, em tempo integral, num colégio top.
Você não começou a trabalhar ainda, e estuda num colégio em tempo integral (de manhã e de tarde). Pode ser um colégio público ligado a uma universidade (colégio de aplicação), ou um colégio particular religioso, ou ligado a uma franquia de curso pré-vestibular. É um colégio que costuma ter muitos alunos aprovados nos cursos mais concorridos das principais universidades do seu Estado, da sua Região, do Brasil inteiro.
Embora você tenha as noites e os fins de semana livres, passa boa parte do tempo que fica em casa estudando o que seus professores passam como dever de casa, ou estudando para o monte de testes, provas, avaliações, simulados. Não dá pra você estabelecer uma rotina de estudo paralelo, como o que proponho. E nem precisa! Seu colégio tem uma metodologia testada e aprovada de ensino, que dispensa palpites de um abelhudo feito eu… Só posso te dar umas dicas pra aproveitar melhor o que seu colégio oferece.
Se você tiver aulas opcionais de artes, música, teatro, etc., opte por não fazê-las. São perda de tempo. Se você quiser ser artista, não serão essas aulinhas que vão fazer de você um profissional. Nesse caso, será melhor você entrar pra um conservatório musical, uma escola de belas artes, um curso de teatro. E se você não quiser seguir carreiras na música, nas artes, nos palcos, o tempo que você gastaria nessas aulas seria melhor aproveitado estudando para o Enem ou o vestibular, para a carreira que você realmente quer seguir.
Outra coisa, se o seu colégio é bilíngue ou ligado a alguma escola de idiomas, e oferece um curso completo de Inglês, ótimo. Do contrário, se matricule em um Curso de Inglês de uma Escola de Idiomas, fora do horário do colégio. Tem que ser, idealmente, uma modalidade de curso que tenha aulas todos os dias, de segunda a sexta, pra você avançar ao máximo no idioma antes de chegar na universidade.
Também é importante que você aproveite as aulas de Educação Física e Prática de Esportes oferecidas pelo seu colégio para realizar uma hora de atividade física todo dia. Se você tiver só duas ou três aulas de Educação Física por semana, entre para uma academia ou um clube poliesportivo para praticar exercícios ou algum esporte nos outros dias. Mas não exagere! Se você não quer virar fisiculturista nem atleta olímpico, não tem por que ficar mais de uma hora na academia, na pista de atletismo ou na piscina de natação.
Nas férias, você pode usar alguns livros e coleções que eu indico neste site para revisar o que aprendeu no ano anterior, ou para se antecipar ao que vai estudar no ano seguinte. Mas nem pense em seguir meus roteiros completos! Você não terá tempo pra isso — e nem necessidade.
Agora, se você terminar o Ensino Médio mas não conseguir entrar para o curso e universidade que quer, aí sim, você pode seguir o meu programa de estudos para as diversas disciplinas. Uma versão abreviada, que dê pra concluir em um ou dois anos, conforme o grau de dificuldade do processo seletivo que você quer passar.
Ah, e tudo que eu falei logo acima sobre televisão e redes sociais, para quem trabalha em tempo integral, vale também pra você!
Você só estuda, em um só turno, num colégio particular comum.
Você não trabalha, e tem aulas apenas em um período do dia, seja de manhã, de tarde ou de noite, num colégio particular comum, sem histórico de aprovações de alunos para cursos de graduação importantes em universidades renomadas.
Os alunos do seu colégio só entram para faculdadezinhas particulares mercenárias, em que basta tirar acima de zero nas provas de seleção para entrar, e manter as mensalidades em dia pra ser aprovado em todos as disciplinas. São praticamente “fábricas de diplomas”, os quais não têm muito valor no mercado de trabalho.
Você está em melhor situação que quem trabalha. Mas não pode contar só com o trabalho dos seus professores, como os estudantes dos colégios que todos os anos estão nas melhores colocações do ranking do Enem. Você terá que complementar o que aprende no colégio estudando em casa. Pelo menos, tempo pra isso você terá.
Os roteiros que elaborei neste Guia do CDF podem lhe servir. Mas talvez você não possa segui-los à risca. Ou precise de um ano a mais depois de terminar o Ensino Médio pra cumpri-los.
E o que eu falei para quem trabalha em tempo integral, sobre televisão e Internet, também vale pra você.
E o que eu falei para quem estuda em tempo integral, sobre curso de Inglês e academia de ginástica, também vale pra você.
Você só estuda, em um só turno, num colégio público.
Você não trabalha, e tem aulas apenas em um período do dia, seja de manhã, de tarde ou de noite, num colégio estadual comum. Você é como a maioria dos estudantes do Ensino Médio. É como eu era. E foi pensando em você que, originalmente, eu criei este Guia do CDF.
Falando francamente, seu colégio é uma merda. Faltam professores pra algumas disciplinas, e nas que tem professores, eles faltam muito — e ainda fazem greves todos os anos. O andamento das aulas é lento, em parte por causa dos seus colegas menos inteligentes ou mais malandros, em parte por causa da má vontade ou má formação dos professores. Só vai servir mesmo pra você obter o certificado de conclusão do Ensino Médio. Pra aprender o que é necessário para passar no Enem ou no Vestibular pra um curso concorrido numa universidade importante, você terá que se virar sozinho.
Mas nem tudo é drama ou tragédia pra você. Na verdade, a fraqueza do seu colégio vem bem a calhar. Quanto mais seus professores faltarem, mais greves fizerem, menos deveres de casa passarem, mais provas fáceis eles darem, melhor pra você, que mais tempo terá pra se dedicar aos seus estudos paralelos.
E com certeza você vai ter que cortar televisão, limitar redes sociais, fazer um cursinho de Inglês e frequentar uma academia.
Você não estuda nem trabalha.
Você terminou o Ensino Médio, fez o Enem ou o Vestibular, mas não conseguiu entrar pro curso ou a faculdade que queria. Seus pais têm condições de te sustentar, de modo que você não precisa trabalhar. Enfim, você tem o dia inteiro pra estudar! Mas sente uma certa pressão familiar para mostrar resultado, entrar o mais rápido possível na faculdade. Afinal, seus pais não vão querer sustentar por muito mais tempo um(a) marmanjo(a) que já tem idade pra trabalhar .
Suas opções são fazer um cursinho ou estudar por conta própria. Se houver um bom curso pré-vestibular, com altos índices de aprovação para o curso e a universidade que você quer, e seus pais puderem pagar as mensalidades, esta será a alternativa mais segura. Mas se não houver um cursinho assim por perto, ou se ele for muito caro, estudar por conta própria pode ser a solução. Nesse caso, faça bom proveito do Guia do CDF!
Você abandonou a escola.
Você não chegou a terminar o Ensino Médio. Circunstâncias adversas te fizeram largar a escola. Pode ter sido um problema familiar, ou de saúde. Você pode ter se mudado pra um lugar que não tinha colégio com Ensino Médio. Ou talvez você tenha precisado começar a trabalhar para aumentar a renda da família, e não tenha conseguido compatibilizar seu horário com o do colégio.
Agora que as coisas melhoraram um pouco, você quer voltar a estudar, continuar de onde parou, e ir além, fazer faculdade. Enfim, retomar o curso que havia traçado pra sua vida.
Meu conselho pra você é: não volte. Isso mesmo que você leu, não volte pra escola! Você não precisa. Como assim? Já explico…
É uma coisa que pouca gente sabe, porque não é muito divulgado, mas já há alguns anos que, no Brasil, não é mais estritamente necessário fazer Ensino Médio pra entrar no Ensino Superior. Como é que é? Isso mesmo, não precisa cursar o Ensino Médio pra fazer faculdade. Só precisa do certificado de Ensino Médio.
(Não, eu não vou falar pra você comprar um certificado fraudado.)
Desde que o Enem foi reformulado, em 2009, passando a servir como um megavestibular para a maioria das universidades públicas e muitas faculdades particulares, o exame também passou a servir a outra finalidade: conferir um certificado de conclusão de Ensino Médio para maiores de idade que, mesmo sem terem concluído o Ensino Médio, obtivessem uma pontuação mínima nas provas.
Quer dizer, a pessoa podia fazer um Curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), antigamente chamado de Supletivo, ou mesmo estudar por conta própria, e depois fazer o Enem e obter o seu certificado de Ensino Médio, emitido pela Secretaria de Educação do Estado do candidato.
Pouca gente, porém, se beneficiou disso. A razão é que as provas do Enem se tornaram muito difíceis. Afinal, são pra selecionar para universidades. Mas a maioria dos que fazem EJA não pretendem fazer uma faculdade; querem só o certificado.
O Ministério da Educação, então, facilitou as coisas. O pessoal que fazia o EJA ou estudava sozinho para concluir o Ensino Fundamental já tinha uma prova própria para certificação, o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos). A partir de 2017, o Encceja passou a servir também para conferir o Certificado de Ensino Médio. As provas do Encceja para certificação de Ensino Médio cobram mais conteúdo que as provas para certificação de Ensino Fundamental, mas são bem mais fáceis que as provas do Enem.
Em suma, se você é um CDF que, por qualquer motivo, teve que interromper os estudos, você não precisa voltar ao Ensino Médio regular, pra uma turma cheia de adolescentes barulhentos e imaturos. Nem fazer um curso supletivo que, embora tenha alunos mais maduros, aborda os assuntos muito superficialmente. Ao invés, você pode estudar por sua conta e fazer o Encceja para obter o certificado de Ensino Médio; e logo depois fazer o Enem ou o Vestibular para entrar numa Universidade. Você só precisa ter 18 anos completos quando for fazer o Encceja.
E o Guia do CDF está aqui pra te ajudar!
Um ritmo de 4 blocos de 2horas e um intervalo de 15 minutos entre esses blocos é uma estratégia ideal para os estudos?
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Olá, Lauro! Se você tem quase nove horas disponíveis no dia para estudar (inclusive os intervalos), suponho que já terminou o Ensino Médio e ainda não precisa trabalhar. Mas estudar duas horas direto é contraproducente para a maioria das pessoas. É que o cérebro gasta muitos recursos (açúcares, proteínas, etc.) para criar as sinapses entre os neurônios que vão registrar os novos conhecimentos adquiridos. Depois de cerca de 40 minutos a uma hora, as reservas de “materiais de construção” vão se esgotando e precisam de um tempo para serem repostas. Por isso que se recomenda por volta de 50 minutos de estudo e 10 minutos de descanso; e descansos maiores, de 20 minutos a meia hora, com alguma refeição leve, depois de duas ou três horas. O esquema exato depende de como você vai encaixar as horas de estudo na sua rotina diária.
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