Se você quiser realmente conhecer o que as Humanidades e as Ciências Sociais são de verdade, você terá que estudar por alguns livros universitários, ou de autores estrangeiros. Mas quais livros? Há tantos! Felizmente pra você, eu fiz uma exaustiva e criteriosa pesquisa das opções disponíveis, e descobri os mais acessíveis, mas ainda desafiadores pra você estudar.
Eu mesmo preparei, com exclusividade, versões reeditadas e misturadas (mashups, como se diz atualmente) de alguns livros de Historia Mundial que você pode baixar diretamente dos links logo abaixo. Como esses livros são frequentemente atualizados, com novas edições a cada dois ou três anos, dá pra baixar PDFs de edições anteriores, que não estão mais à venda, mas ainda são bastante atuais, sem receio ou culpa de que isso possa prejudicar os autores, editores, etc. (Afinal, eles ganham dinheiro mesmo é com as novas edições.) São eles:
- Glencoe World History + Modern History, de Jackson J. Spielvogel – são tudo que os livros de História do Ensino Médio deveriam ser, caso os autores nacionais não fossem tão bitolados. Mais do que suficiente pro Enem e os vestibulares brasileiros.
- Ways of the World, A Brief Global History with Sources + Thinking Through Sources, de Robert W. Strayer e Eric W. Nelson – livros introdutórios de Graduação (Undergraduate, como se diz em Inglês), pra quem quiser ingressar num curso de Humanidades ou Ciências Sociais já com sólido embasamento teórico.
Pra quem não é fluente em Inglês, existem duas ferramentas maravilhosas, que permitem a qualquer um, com um mínimo de esforço, ler livros escritos em qualquer uma de dezenas de línguas: o Google Tradutor e o seu concorrente Bing Tradutor, da Microsoft. Você pode copiar e colar nestes serviços desde palavras isoladas até páginas inteiras de texto e obter traduções em Português em poucos segundos. (Ah, se houvesse algo assim na minha época de estudante!) Sim, a tradução feita por essas ferramentas do Google e da Microsoft não é perfeita, ainda. Mas é muito boa, o bastante para você mesmo identificar e corrigir os poucos erros, ou colocar na ordem correta frases que ficam meio esquisitas.
Em História do Brasil, tem dois livros nacionais que são menos ruinzinhos. Brasil: Uma História, do jornalista Eduardo Bueno, pela Editora Leya, é um livro abrangente, belamente ilustrado, com texto claro e sucinto, que não deixa de fora nenhuma passagem importante de nossa história, e inclui mesmo alguns aspectos pitorescos. Este é o que eu recomendo pra quem vai cursar Exatas, Naturais e Tecnológicas. Já pra quem vai fazer Humanas e Sociais, eu recomendo Brasil: Uma Biografia, das historiadoras Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling. Bastante atualizado, cobre com profundidade os mais importantes tópicos de nossa história, e inclusive joga luz sobre aspectos do cotidiano e ocorrências que costumam ser negligenciadas em outras obras do gênero.
(Se eu fosse elaborar um currículo , eu basearia os conteúdos de História do Ensino Fundamental no Glencoe e no Eduardo Bueno; e os do Ensino Médio em obras semelhantes ao Ways of the World, ao Brasil: Uma Biografia. Só pra quem gosta de “Humanas” ter que ralar tanto quanto quem gosta de Matemática, de Física ou de Biologia!)
Pra você saber o mínimo de História da Arte, e poder aproveitar uma visita a um bom museu do gênero, o livro de referência para o Ensino Médio é o de Graça Proença, pela Editora Ática. É relativamente curto, bem escrito e belamente ilustrado, vale a pena conhecer. Se você quiser, depois, se aprofundar um pouco mais no assunto, em inglês tem a Basic History of Western Art, uma obra já clássica de H. W. Janson, e que vem sendo reatualizada a cada edição por sucessivos coautores.
Existem quatro livrinhos de Filosofia, introdutórios de nível universitário, que posso recomendar para quem quiser começar a entender esta fascinante disciplina: Iniciação à História da Filosofia e seus complementos, Textos Básicos de Filosofia, Textos Básicos de Ética e Textos Básicos de Filosofia e História da Ciência, todos do professor Danilo Marcondes, publicados por Jorge Zahar Editor. (Ele também escreveu Textos Básicos Linguagem, mais voltados pra cursos de Letras e Linguística.) Aqui estão todos eles juntos num só arquivo (menos o de Linguagem).
Tirando o Glencoe e a Graça Proença, que podem servir para o Enem e os vestibulares brasileiros (embora vão além do que cai nas provas), todos os outros livros são pra você estudar, caso se interesse, depois do Enem e do vestibular, durante as férias da sua graduação, qualquer que esta venha a ser.
Boa tarde, Serjão! Adorei a seleção de livros. Senti falta de algum material com foco na arte oriental e arte africana. Alguma recomendação?
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Boa tarde, Ron! Em nível introdutório, os livros de história da arte focam mais na arte ocidental, que, afinal de contas, é da civilização de que herdamos mais elementos culturais.
Livros focados em arte africana e arte oriental eu não conheço pra te indicar. Mas você pode procurá-los na Amazon, principalmente na loja americana. E leia as avaliações feitas pelos compradores estrangeiros pra te ajudar a decidir. Algumas são bastante informativas.
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Além dos livros do Danilo Marcondes, estou gostando de ler Iniciação à Filosofia, da Marilena Chauí: https://b-ok.lat/book/5416601/507207
Gostaria de saber sua opinião também sobre os livros A Little History of the World (https://book4you.org/book/550992/fe0eaa) e The Story of Art (https://book4you.org/book/2711982/e65394), ambos do Ernst Gombrich.
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Marilena Chauí é uma da maiores filósofas brasileiras. Mas é marxista, e uma das fundadoras do PT. Não foi capaz de criticar o seu partido e seus governantes nem durante os maiores escândalos de corrupção em que se envolveram. E se alguém tinha o dever moral e a autonomia intelectual para fazer isso, era ela.
No livro dela, você vai ver, quando chegar na parte da filosofia política, que ela conclui que o modelo de sociedade e de Estado que ela considera ideal é o “socialismo com democracia”. (O mesmo vale também para a maioria dos livros de Introdução à Sociologia, de História Geral e de Geografia brasileiros.) E o leitor jovem, que ainda está aprendendo a “entender o mundo”, não tem conhecimento de outras fontes para contrapor ao que a autora diz, e acaba se convencendo que a autora “deve ter razão”.
Se você pegar livros de introdução à filosofia americanos e europeus, verá que seus autores se inclinam para a “democracia liberal” (capitalista). E nem por isso deixam de apontar os problemas inerentes a esse modelo, como a tendência à concentração de renda e aumento da desigualdade socioeconômica. E também criticam os modelos socialistas, inclusive os supostamente democráticos, de uma maneira que você não vai ver em nenhum livro de autor brasileiro.
Danilo Marcondes é bastante isento neste aspecto. Ele descreve esses modelos sociopolíticos sem cravar um deles como “ideal”.
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